Cezário voltou a ser preso por manter federação de futebol “paralela” em casa
Data de Publicação: 28 de agosto de 2024 12:05:00 O cartola foi visitado por dirigentes, presidente de clube e conselheiro que veio do Vasco para ajudar MS
Francisco Cezário de Oliveira voltou para a prisão nesta quarta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami) |
Por Aline dos Santos | CAMPO GRANDE NEWS
O presidente afastado da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Francisco Cezário de Oliveira, voltou a ser preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) por montar uma FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) paralela em casa, além de passagem pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio de Janeiro.
Cezário, de 78 anos, é conhecido pela longevidade no comando da federação, sendo há quase 28 anos o “dono da bola” no futebol de MS. Ele estava no sétimo mandato e ficaria no cargo até 2027.
A prisão foi decretada na manhã de ontem (dia 27) pelo juiz da 6ª Vara Criminal de Campo Grande, Marcio Alexandre Wust, e foi cumprida hoje pelo Gaeco.
No pedido de prisão, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) destaca que o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) proibiu que Cezário tivesse qualquer função na FFMS.
Contudo, a promotoria destaca que, de casa, o dirigente afastado segue influindo no futebol do Estado. Nos dias 5 de junho e 6 de agosto, antes da realização de assembleia geral da Federação, Giovani Jolando Marques (dirigente do Operário Atlhetico Clube) e Ari Silas Portugal (diretor de futebol do Esporte Clube Comercial) estiveram na casa de Cezário, na Vila Taveirópolis, em Campo Grande.
Em 6 de agosto, Giovani e Ari participaram da assembleia geral da FFMS. Neste mesmo dia, Cezário estava em casa e recebeu as visitas de Giovani, Ari, Luiz Bosco da Silva Delgado (presidente do Corumbaense Futebol Clube) e Júlio Brant.
Brant é consultor de futebol e conselheiro do Vasco da Gama. Ele veio a Mato Grosso do Sul no dia 19 de julho, onde participou de reunião na Governadoria com dirigentes de clubes. Na assembleia de 6 de agosto foi convidado por Estevão Petrallás, presidente interino da FFMS nomeado pela CBF, para assumir posto na federação de futebol. Apesar de ele ser citado na decisão como executivo de futebol da FFMS, a reportagem apurou que Brant não aceitou o convite.
Ainda de acordo com a decisão, Cezário também esteve na CBF. “Portanto, conforme acima demonstrado, o acusado continua a exercer, na sua casa, funções na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”.
Conforme noticiado pelo Campo Grande News, o cartola foi ao Rio de Janeiro acompanhado por aquele que defendia como seu substituto, João Garcia, vice-presidente da entidade e que também esteve à frente do Aquidauanense por 15 anos.
Giovani Jolando Marques afirmou que ainda vai tomar conhecimento da situação para se manifestar. A reportagem não conseguiu contato com os demais citados.
Cartão Vermelho – Em 21 de maio, a operação Cartão Vermelho apurou desvio de R$ 6 milhões na FFMS, que recebe recursos do governo estadual e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Na ocasião, Cezário também saiu preso de casa, mas conseguiu a liberdade após problemas de saúde.
De acordo com o Ministério Público, a ofensiva desbaratou organização criminosa voltada à prática de peculato e delitos correlatos na federação que comanda o futebol no Estado. Foram 20 meses de investigação.
“Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul – FFMS, em valores não superiores a R$ 5 mil, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema”, informa a nota da promotoria.
Nessa modalidade, verificou-se que os integrantes da organização criminosa realizaram mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o total de R$ 3 milhões.