Português (Brasil)

Vereadores podem ter forjado documentos para demitir servidor

Vereadores podem ter forjado documentos para demitir servidor

Fabiana, Lourenço e Paulinho apareceram com documentos possivelmente com teor ideológico falso

Compartilhe este conteúdo:

Por Kleber Souza em 25 de setembro de 2020

Assim que assumiu a presidência no início do segundo biênio (2019/2020), o vereador Paulo da Pax (DEM) teve como uma de suas primeiras ações, abrir processo administrativo contra o servidor Renaldo Souza, jornalista concursado da Câmara Municipal de Ribas do Rio Pardo (MS), popularmente conhecido como Carioca.

No entanto, o processo conta com documentos que podem ter sido forjados pelos vereadores Lourenço Vidraceiro (PSC), Fabiana Galvão (MDB) e Paulinho Machado (PSC). Tudo na tentativa ensandecida de prejudicarem o servidor que não deixou de cumprir seu trabalho com excelência, mas disse não aos ‘favorzinhos’ informais da velha política.

O comportamento íntegro de Renaldo custou caro. Ele teve seu cargo de concurso seriamente ameaçado, precisou gastar uma quantia considerável para contratar advogados de defesa e chegou até mesmo a ter seu vale-alimentação suspenso durante o período em que esteve afastado.

“Sempre acompanhei o trabalho do Renaldo no plenário e nas redes sociais. Ele revolucionou a comunicação institucional do Legislativo no município. A população nunca esteve tão bem informada. É muita covardia tudo isso que fizeram. Ele pagou o preço por fazer a coisa certa e ‘peitar’ os vereadores folgados”, diz Kleber Souza.

O QUE HOUVE?

Em janeiro de 2019, bem ao estilo ditador, Paulo da Pax ordenou em cima da hora que Renaldo trabalhasse em um evento da Prefeitura. O servidor se recusou, alegando não ter vínculo com o Executivo. O vereador-presidente, raramente contrariado nos corredores frios do poder, se enfureceu com a negativa e passou a preparar um processo administrativo sem pé nem cabeça contra o jornalista.

Para encorpar a ação, Paulo da Pax contou com alguns aliados. Fabiana, Lourenço e Paulinho apareceram com documentos, possivelmente com teor ideológico falso, já que Renaldo alega nunca ter visto antes.

Procurado pela reportagem, Renaldo desabafou. “Esses três vereadores surgiram, do nada, fazendo questão de produzir documentos para tentarem me exonerar. E documentos, no mínimo, bem estranhos, com datas e numerações de um ano atrás. Tudo para me prejudicar e me arrancar dali de qualquer jeito”, conta Renaldo com exclusividade ao Rio Pardo News.

Os documentos que o servidor se refere são as comunicações internas 005/2018 e 010/2018/GV, o primeiro produzido pela vereadora Fabiana Galvão e o outro por Lourenço e Paulinho Machado. Os dois surgiram em meio ao processo de Renaldo, em 2019, mas são datados de 2018, fora dos padrões de formatação da Câmara e aparentando terem sido imprimidos em sequência.

A Câmara chegou ao absurdo de confirmar que os documentos realmente foram produzidos com datas retroativas, alegando que a manobra seria para não prejudicar uma eventual pena maior ao servidor, já que a pena de demissão estava até mesmo grifada no corpo do processo.

No entanto, a manobra suja e rasteira de tentar fazer com que os documentos fossem de um ano antes, fica ainda mais reforçada com a própria numeração colocada pelos gabinetes.

Para surpresa dos maldosos vereadores, Renaldo pediu que os documentos fossem periciados pela Justiça. Não restou outra alternativa aos vereadores que retiraram sorrateiramente os papeis do processo. Mesmo assim, sem documentos comprobatórios, o jornalista acabou recebendo uma advertência, punição essa que Renaldo também questiona em outro processo na Justiça.

“Entrei na Câmara disposto a fazer um bom trabalho e contribuir com todos, independentemente de posicionamento político. Mas sei muito bem quais são minhas atribuições: o que devo fazer, o que posso fazer e o que não é da minha alçada. Estudei muito para estar ali e talvez seja isso que incomoda. De repente, há um incômodo por eu ter passado em uma prova em vez de ficar puxando saco por aí”, pontua Carioca.

Enquanto a Justiça não dá o veredito se os documentos foram ou não forjados, Renaldo segue sofrendo retaliações bobas dentro da Casa de Leis, como ser um dos únicos servidores não gratificados, mas isso não impede que ele cumpra seu trabalho com maestria.

Em pouco tempo à frente da Assessoria de Comunicação da Câmara, Renaldo conseguiu implantar diversas medidas de transparência sem gastar um centavo do dinheiro público, como transmissão ao vivo das sessões por áudio e vídeo e divulgação pública da pauta antes das votações, além de levantamentos com tudo o que foi apresentado por cada vereador.

Felizmente, a cada dia que passa, a população rio-pardense percebe as mudanças dos novos tempos, tempos esses distantes e diferentes da época da ditatura, quando todos eram obrigados até mesmo a cometer ilícitos para atenderem a vontade dos coronéis.

Veja abaixo os supostos documentos forjados: 

Compartilhe este conteúdo:
 riopardonews@gmail.com
 (67) 99107-6961
 facebook.com/RioPardoNews
 (67) 99107-6961