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Médico de Ribas realiza parto dentro de ambulância a caminho do hospital

Médico de Ribas realiza parto dentro de ambulância a caminho do hospital

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Quase uma hora depois de ser encaminhada em vaga zero para a Santa Casa de Campo Grande, uma jovem moradora de Ribas do Rio Pardo (MS) deu luz à uma criança ainda dentro da ambulância.

Auxiliado por uma técnica e um motorista-socorrista, o médico Eduardo Delamura foi o responsável por conduzir a emocionante viagem ocorrida na madrugada desta terça-feira, dia 5.

Mesmo não estando de plantão, Delamura foi acionado por volta das 2h e prontamente atendeu o chamado. Ele contou com riqueza de detalhes tudo que viveu durante a madrugada.

Por conta da posição não muito comum do bebê, ainda no útero, a gestante precisou ser encaminhada para a capital. “O bebê estava numa apresentação pélvica, e atualmente os obstetras indicam cesariana nesse caso, que seria realizada na capital”.

Até então, tudo aparentava ser mais um atendimento corriqueiro para os experientes profissionais. “Desde o momento que saímos do município, eu e a minha equipe nos preparamos pra todas as situações possíveis que poderiam acontecer. Tanto possibilidade de parto quanto complicações com a criança após o nascimento ou com a mãe. Sempre um passo à frente das possíveis situações e complicações”, conta Delamura.

O médico descreve com detalhes, como geralmente acontecem essas viagens. “A viagem se torna sempre com muita expectativa e muita assistência. Principalmente pra mãe, por ser um ambiente que ela não estava acostumada e aflita com a possibilidade de ter um filho dentro da ambulância”.

BEBÊ APRESSADO

A viagem até Campo Grande foi tranquila durante quase todo o percurso e durou cerca de 1 hora. Mas, o bebê tinha pressa e um pouco antes de chegar, a mãe entrou no período do trabalho de parto que os médicos chamam de ‘expulsivo’.

Neste momento, a equipe de Ribas já estava com todo material preparado para receber a criança. Embora muito jovem, o médico Eduardo Delamura, se comportou como o líder que era naquela situação. Mantendo-se calmo e focado no atendimento.

“A mãe, como havia dito, estava muito aflita. Tanto ela quanto a avó da criança que também estava dentro da ambulância. Estes transportes não são realizados pela equipe do SAMU. São realizados por via de regulação de vagas, sendo o Hospital o responsável pela transferência. Então a ambulância não é a mesma que a do SAMU. Mas independente disso, a equipe sempre calma e confiante de que estávamos ali fazendo nosso melhor. Tanto o motorista, Paulo, enquanto acalmava a avó da criança quanto a Adriana me auxiliando durante a condução do trabalho de parto”, pontua.

E foi ali, dentro da ambulância, já no centro de Campo Grande, com a proteção de Deus, o profissionalismo e preparo da equipe, que veio ao mundo mais uma linda menina. O segundo filho da jovem mamãe.

Na chegada ao hospital, a apreensão, o clima tenso pelas vidas envolvidas no episódio, se misturou aos sentimentos de preocupação e emoção, em um momento único e inexplicável.

A notícia de que o bebê havia nascido chamou a atenção de todos que estavam na portaria do pronto socorro. Mãe e filha foram hospitalizadas e passam bem.

 

A FÉ COMO COMPANHEIRA E O 2º PARTO EM AMBULÂNCIA

O médico contou a reportagem que essa foi a segunda vez que realizou um parto dentro da ambulância. Para ele, a emocionante história de final feliz, invariavelmente, contou com a companhia de Deus. “Sempre que sou solicitado a acompanhar vagas eu levo Deus do meu lado. Durante todo o caminho peço que Ele faça o que precisa feito e que possa me iluminar pra que eu realize meu trabalho com clareza”.

Delamura conta que orou para que tudo ocorresse conforme a vontade divina. “E assim foi. Deus sempre responde às minhas orações. Essa situação atípica de um parto dentro da ambulância já havia feito há aproximadamente um ano atrás, mas um parto pélvico ainda não havia realizado exatamente pela indicação de cesariana na grande maioria dos casos”.

SER HUMANO, DE CARNE E OSSOS

Mesmo extremamente preparado para as mais difíceis situações, muitas entre a vida e a morte dos pacientes, Delamura confessou que foi às lágrimas depois que a situação estava sob controle.

“Foi demais! Dificilmente eu deixo a emoção transparecer diante das situações médicas. Nessa eu não me contive! Quando vi que tudo tinha dado certo tive que sair um pouco de perto de todo mundo pra poder dar aquele suspiro e aí as lágrimas vieram, não teve como segurar”.

NOTÍCIA BOA EM TEMPOS DIFÍCEIS

A experiência emocionante vivida nesta viagem pelos rio-pardenses, em meio ao caos causado pela pandemia mundial, nos leva a refletir e acreditar que tudo vai ficar bem.

E é justamente esse ‘gancho’ que Delamura usa para entender a lição de mais um dia de trabalho árduo. “Diante de tantas notícias ruins que estamos tendo por conta do Covid-19 ainda temos outras tantas boas quanto essa. Precisamos sempre ter esperança de dias melhores. O que pudemos viver durante essa madrugada é um sinal de que Deus sempre esteve e sempre estará do nosso lado guiando nossos passos”.

Eduardo aproveita também para reforçar o ‘Fique em Casa’. “Nós da equipe de Ribas pedimos pra que todos possam ter essa mesma responsabilidade e consciência, pra que enfim nós tenhamos também mais uma notícia positiva que é a superação dessa pandemia. Fiquem em casa e se forem sair que saiam de máscara e respeitando o distanciamento social. Assim nós multiplicaremos apenas notícias boas e positivas como foi dessa madrugada. Fiquem com Deus”, finaliza.

Por Kleber Souza/Rio Pardo News em 5 de maio de 2020

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