JORNAL O INVERÍDICO

(Totalmente sensacionalista) 

Edição n° 1 - ano 2024, publicado em 12 de janeiro, às 18h8min.

MULHER FAZ INSCRIÇÃO E NOME NÃO APARECE NA LISTA DOS CANDIDATOS AO CONCURSO PÚBLICO.

Vivemos em uma época de dois extremos: tecnologia avançada e de outro, "uma correria danada", como dizem aqui no interior. Talvez a soma destes fatores contribuíram para que um caso inusitado acontecesse em Ribas do Rio Pardo. 

A senhora Deizideria Oliveira, pessoa muito conhecida na cidade, queria prestar o concurso público oferecido pela prefeitura. 

Aguardou, ansiosa, pela chegada deste momento. Tinha uma disciplina, uma rotina dedicada aos estudos. Antes de abrir o período de inscrições, a sua patroa, que é uma autoridade política local, lhe pediu uma gentileza.

Tal função era auxiliar, ajudar ou mesmo realizar a inscrição de pessoas que não tinham acesso e intimidade com computadores e internet.

Precavida, logo que abriu o sistema para receber as inscrições, ela foi conhecer, verificar e saber, como funcionava. Resolveu simular uma inscrição usando os seus dados como exemplo para ver se dava certo.

Aleatoriamente, escolheu um cargo, preencheu todos os seus dados e informações necessárias. Terminou o procedimento. Tudo bem. Não era tão difícil.

Então começou a ajudar os candidatos. Quem tinha dificuldade, ela resolvia. Quem tinha alguma dúvida, ela respondia. Quem não conseguia se inscrever, ela finalizava a inscrição. Ao final ficou satisfeita e se sentiu bem por ter ajudado tanta gente.

Bom, agora era hora de se inscrever. Sentou diante do aparelho. Entrou no site da fapec. Clicou no cargo de agente de administração. Respondeu todas as informações. Inscrição concluída. Pronto, tudo em ordem. Que bom! Restava somente imprimir e efetuar o pagamento do boleto.  

Os dias foram passando. Ainda, às vezes, ajudava uma ou outra pessoa na inscrição. Ela estava estudando com afinco, bem concentrada, focada em ser aprovada no concurso. 

Às vésperas do encerramento das inscrições, em meio às festividades de Natal, como não tinha impressora em casa, correu ao seu ambiente de trabalho e imprimiu o boleto. Passou na Casa Lotérica Boa Sorte e quitou o boleto. Aproveitou para fazer uma "fezinha" comprando uns bilhetes da mega-sena da virada. Quem sabe se ganhasse, nem mais aparecia nesse concurso.

Chegou o dia em que a prefeitura divulgou os nomes, os cargos e os locais de provas dos candidatos. Toda feliz foi verificar no Diário Oficial do Município.

Tamanha surpresa não ver o seu nome na lista. Assustada, falou: - oxi, valei-me meu Deus! Cadê meu nome? Procurou novamente. Não é possível isso! Tão nervosa estava que não enxergava mais as letras pequenas da publicação. Imediatamente gritou a filha. De repente, estava rodeada pelas duas mocinhas, o filho e o marido. 

Todos vidrados na tela da máquina. Realmente, na lista dos candidatos à agente de administração não constava o nome. Foi um bafafá danado. Eu fiz a inscrição. Paguei o boleto. Isso está errado. Vou processar. Processo a prefeitura ou a fapec? O esposo respondeu: - não sei. 

Tristeza, raiva, choro, decepção. Uns acalmavam, outros atiçavam os nervos. Uma das meninas tentava amenizar dizendo que era para olhar de novo. Olhar o quê? Já estou vesga de tanto ver. Isso não vai ficar assim, não. Eu sou uma mulher arretada. E aí, a confusão foi longe naquele dia.

A noite chegara lentamente quando uma vizinha amiga foi até a casa da Deizideria Oliveira. Conversa vai, conversa vem. A colega percebeu que a Deizideria estava bem triste, pois era uma pessoa sempre “pra cima”, sorridente, cheia de vida. Perguntou se estava tudo bem. 

Deizideria contou a história. De supetão, a visitante argumentou que não tinha entendido e viera, justamente, perguntar, pois viu o nome da Deizideria na lista dos cargos de vigia. Foi por isso que vim aqui. Como assim?

Ligaram o computador. Deizideria estava tremendo. Água com açúcar, por favor! De novo todo mundo da casa de frente ao equipamento. 
Nome: Deizideria Oliveira. Cargo: Vigia.

Isso está errado, erradíssimo. Não aceito. Um tendepá se iniciou outra vez.

Depois de tanto processar fulano e beltrano, buscar seus direitos, de se sentir enganada, de passar mal, de crise de nervosismo e ansiedade, de insinuações de chamar o SAMU, de quase sofrer um infarto, Deus concedeu o entendimento e descobriram que a dona Deizideria quando fez a simulação, lá no começo, para conhecer o sistema, de fato, realizou a inscrição para o cargo de vigia. Lá adiante, realizou a inscrição para o cargo de agente de administração, o qual, verdadeiramente, ela almejava. Quando imprimiu o boleto, não percebeu que era o de vigia, efetuando o pagamento, tornou esta a inscrição confirmada.

A inscrição para o cargo de agente de administração foi feita, entretanto, não foi concluída porque não foi validada pelo não pagamento do boleto.

Infelizmente a senhora Oliveira vai ter que prestar o concurso para vigia. Veja o problemão e a decepção ocasionados pela tecnologia avançada demais para alguns e, de uma certa forma, pela pressa, pela "correria" do dia a dia.

Hoje, depois de achar muita graça da situação e aceitar as brincadeiras dos amigos e familiares, Deizideria Oliveira afirmou que vai ser uma servidora do patrimônio público com muita honra, uma “guardinha” séria, sempre de olho vivo, sem "dormir no ponto", uma vigia com orgulho.

* Oxi é uma contração da expressão "oxente" pronunciadas pelos nordestinos.

Da redação:

Jornal O INVERÍDICO é totalmente sensacionalista, brincalhão, que gosta de aumentar a história de forma engraçada, satiriza os acontecimentos e conta um pouquinho de verdade. Informamos que qualquer semelhança com fatos e nomes de pessoas, simplesmente, é mera coincidência. 

Por Adriano Aparecido Nogueira 

Texto publicado originalmente no Facebook: https://www.facebook.com/share/SUCqpoGCbvEtxQgN/?mibextid=xfxF2i