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O cotidiano rio-pardense - De Adriano Nogueira

O cotidiano rio-pardense - De Adriano Nogueira

Data de Publicação: 4 de fevereiro de 2023 16:12:00 Quem será o dono desse Cavalo? Pode ter fugido e estar perdido.

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COTIDIANO RIO-PARDENSE

Choveu,

A grama cresceu...

O Cavalo, a grama comeu,

E a água bebeu.

 

Toda a água do céu desceu, passou pela peneira suspensa criada por Deus e molhou a terra da cidade de Ribas do Rio Pardo nesta manhã da primeira sexta-feira do mês de fevereiro.

No lado da rua, próximo ao meio fio, criou-se um pequeno riacho de água parda. Talvez uns comentem que é um riozinho pardo.

A chuva caí torrencialmente, forte, ininterrupta. Os pingos de água, impulsionados pelo vento, mudavam a trajetória de queda. Ao redor, o ar, o vento e a água eram da cor branco gelo ou branco neve, deste modo, ofuscando a visão.

Na Praça Santos Dumont, em frente à Câmara de Vereadores, tanto a grama como as folhas das árvores a balançar, se mostram felizes, com um verde peculiar, bem vivo.

O pé de ingá – o velho ingazeiro, tão conhecido, majestoso e mais exuberante do que nunca – não nos agrada com a sua sombra como num dia ensolarado, mas, abriga e protege os passarinhos da tempestade nos seus galhos, debaixo de suas folhas.

Uma paisagem se revela tendo ao fundo uma cortina de água que encharca o solo dessa adulta frondosa e frutífera: um animal de quatro patas parado, intrêmulo, imóvel.

Não se mexia nem mesmo quando o clarão intenso dos raios e o barulho dos trovões dominavam o ambiente. Parecia uma estátua de um Cavalo ou uma Égua. Será que um escultor fez uma obra de arte como a do Boi branco que está exposta no trevo da cidade? Não, logico que não. Demorou um tempo considerável e, finalmente, o animal se mexeu. Estava embaixo da árvore de ingá simplesmente esperando amenizar os efeitos da força das gotas e dos pingos de água.

É bem comum, corriqueiro, a gente ver animais quadrúpedes soltos na cidade. Há alguns dias até um Tamanduá Bandeira veio do mato passear no Parque dos Ipês.

Se estivéssemos vivendo em algumas décadas do passado, poderia dizer que alguém veio trabalhar montado a cavalo. Era um dos meios de transporte muito usado na época.

Eu não vi, entretanto, afirmam ser verossímil que um cidadão eleito pelo povo chegou andando a cavalo, de chapéu na cabeça e adentrou para tomar posse como vereador na Câmara.

Observei ser verdade que os cavalos ficam com o quadril virado para o vento e a chuva com o propósito de proteger o peito e o rosto.

Cavalinho sabido!

Quem não conhece da lida do campo, poderia sentir pena ou compaixão do bicho, contudo, a chuva e o vento em nada causam dor, pois os pelos e o couro grosso servem de proteção contra essas intempéries.

O pé-d'água continuava a cair. O nível da água subia. Parecia não querer cessar. Lembrei de uma frase que falam por aqui, num tom de brincadeira, querendo expressar exagero: – “está chovendo tanto que o cavalo bebe água em pé".

Quem será o dono desse Cavalo? Pode ter fugido e estar perdido. É perigoso esse animal a vagar por aí. E se for bravo esse bicho? Tem que solicitar providencias ao setor público competente. Surgem vários comentários e questionamentos por parte da população. Perfeitamente natural.

Devagar aí!... Sem exaltação. "Vai tirando o seu cavalo da chuva". O animal é tranquilo, calmo, pacato, bonzinho. Melhor se faz, conhecendo o proprietário, avisar que retire o cavalo da chuva da praça.

Creio que, provavelmente, veio aproveitar a grama alta da praça. Capim verdinho, novo, macio e fresco. Além de atuar como "roçadeira humana" nos canteiros, serve, também, de atrativo num momento em que o local é desprovido de uma estrutura de lazer. Ele chama a atenção, recebe olhares de crianças e jovens que parecem gostar da presença do animal.

Um tempo chuvoso é propício à elaboração de pensamento, de reflexão, de contemplação da paisagem efêmera que a natureza nos presenteia. Uma chuva, um cavalo, um ingazeiro, uma praça esquecida e abandonada. Um acontecimento qualquer, algo normal, fútil, sem valor e não percebido por muitas pessoas.

E assim, naturalmente, vai concretizando o dia a dia, construindo o cotidiano e a vida vai sendo tecida em nosso município.

 

Por Adriano Aparecido Nogueira

Ribas do Rio Pardo/MS - 03 de fevereiro de 2023.

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