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À imprensa da capital, João Alfredo diz que mal tem tempo para cuidar dos problemas da cidade

À imprensa da capital, João Alfredo diz que mal tem tempo para cuidar dos problemas da cidade

Data de Publicação: 1 de fevereiro de 2022 12:01:00

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DA REDAÇÃO/RIOPARDONEWS

Desde que ganhou o poder da caneta, o advogado João Alfredo deixou vir à tona sua verdadeira personalidade, a mesma que ele escondeu a duras penas desde 2018, ano em que foi candidato a governador e percebeu que não se elegeria para nada com sua antipatia ilógica.

Capaz de tudo para chegar ao poder, por dois anos, se tornou uma pessoa que não é, ao fingir saber ouvir as pessoas e também fingindo ter se tornado mais maleável no debate de ideias. O que, de fato, nunca aconteceu.

Agora com sua arrogância absurda, segue fazendo pior do que todos seus antecessores que ele sempre condenou. Um exemplo clássico é o relacionamento com a imprensa.

Não é preciso ter memória boa para lembrar do ex-Facebookiano dando seus chiliques quando os ex-prefeitos usavam e abusavam da emissora de rádio local. Ao mesmo tempo em que ameaçava acionar a Justiça para saber, como e quanto custava o ‘almoço grátis’ para ter carta branca na 90FM.

E foi exatamente isso que ele fez ao longo de todo ano de 2021. Na maior cara-de-pau, com toda sua incoerência entre discurso eleitoreiro e prática como gestor, correu para os braços do veículo de imprensa que ele detonava, mas que oportunamente, passou a ser sua queridinha ao assumir o poder executivo.

Ao escolher para qual veículo de comunicação quer e não quer falar, João Alfredo se mostra igual a todos que já estivem lá, decepcionando as expectativas do seu eleitorado.

E mais uma vez fugindo da imprensa independente que pode lhe colocar contra a parede, como é o caso do Jornal Eletrônico Rio Pardo News, João Alfredo escolheu a dedo mais um veículo para tomar um cafezinho e bater papo ‘do seu jeito’.

Em entrevista ao Jornal O Estado, da capital, João Alfredo mais uma vez tentou ‘jogar pra torcida’. Com deselegância absurda, falou como se tivesse a receita para a geração de empregos, o que não é verdade. Se soubesse, compartilharia com os outros 78 municípios do estado e com os mais de 5500 municípios brasileiros que sofrem com o problema.

Como todo político incompetente, ignorou a moradia popular para a população de baixa renda. Vergonhosamente se esquivou do partido que lhe projetou no cenário político estadual, ao permitir sua candidatura ao governo.

Por fim, na entrevista que ele só fala o que quer e visivelmente só pergunta o que ele deixa, o ‘professor de Deus’ disse que ‘mal tem tempo para cuidar dos problemas da cidade’. Uma das poucas afirmações coerentes da entrevista e um fato que a população já nota desde os primeiros meses de 2021.

Veja, na íntegra, a entrevista:

 

Por: Rayani Santa Cruz e Alberto Gonçalves | O Estado – Mato Grosso do Sul |

Prefeito de Ribas vivencia fase de geração de empregos e desenvolvimento e triplicação do PIB no município

O prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo Danieze, disse que, além da instalação da fábrica de celulose da Suzano, está com a preocupação na construção de moradias e incentivos fiscais para que empresários possam investir na cidade. A previsão é de nesta primeira etapa atrair 5 mil pessoas para as vagas de trabalho e que o número possa triplicar com o impacto da obra. “São dois canteiros de obra, um na fábrica, um outro na cidade”, diz o prefeito.

Até o fim de 2024 quando se conclui o fim da operação, estima-se receita “extra” de R$ 30 milhões aos cofres da cidade. “Agora, é uma fase de euforia, vamos dizer assim, que é até uma fase de especulação imobiliária, mas existe uma fase depois, que será a das coisas voltarem ao seu normal. É possível que com a fábrica nós tenhamos a triplicação do nosso PIB. Hoje, o nosso PIB é da ordem de R$ 1 bilhão e nós teremos um PIB após a construção de três vezes este valor. Até porque o faturamento da fábrica é em torno de R$ 4 bilhões ao ano no pós-operação. É muito significativo. Hoje, a cidade de Três Lagoas em razão das fábricas tem o 2º maior ICMS do Estado. Nós, hoje estamos ali entre o 18º e 19º. E vamos passar para o 5º ou 6º lugar no ranking”, acredita o prefeito.

A cidade enfrenta os reflexos da vinda da maior fábrica de celulose do mundo. Por falta de moradia e leitos de hotéis, os trabalhadores estão dormindo em alojamentos. João Alfredo explica também da necessidade da construção de hospital. “Tivemos esse ano aproximadamente 2,5 mil novos trabalhadores na fábrica. E, desses, 500 ligados diretamente à fábrica. Em julho de 2022, teremos algo em torno de 5 mil e até o fim de 2022 teremos, no auge, 10 mil trabalhadores ligados à fábrica. Essa é uma situação que demanda nos prepararmos na estrutura do município para receber essas pessoas. Seja por meio de alojamentos, seja por meio de hotéis que estão sendo construídos. Hoje, temos locais para 5 mil homens prontos e precisaremos de alojamento para mais 5 mil. Precisamos ter um hospital com uma capacidade maior, seja na área humana, seja na área física. Então, tudo isso nós estamos estartando de forma gradativa”, diz.

João Alfredo foi eleito prefeito de Ribas do Rio Pardo pelo PSOL, em 2020. O primeiro ano de administração é marcado por uma relação dura com a Câmara dos Vereadores. O prefeito, que é de partido de esquerda, prefere não se posicionar politicamente sobre o partido em MS e no cenário nacional. Ele diz que a meta é focar na cidade, com trabalho sério até o fim do mandato, já que é
contra a reeleição.

O Estado: Prefeito, 2022 vai iniciar com a expectativa de um período pós-pandemia. Como deverá ser sua administração sendo que Ribas do Rio Pardo receberá a maior empresa de celulose do mundo?

João Alfredo: Na verdade, o ano de 2022 vai ser continuidade de 2021. Embora com a pandemia, com as mortes e pessoas infectadas, nós não paramos de trabalhar. E esse empreendimento, desde que foi lançado, não parou. O investimento teve início em 12 de março e não teve nenhuma paralisação em decorrência da pandemia. E todas as medidas de segurança foram tomadas, e nós continuamos no mesmo ritmo. Agora, nós estamos prontos para o início das aulas presenciais e estamos com tudo pronto e adquirido. Estamos com o material escolar comprado, uniformes e kit escolar. Estamos com o transporte escolar com as 86 linhas prontas para rodar. E essas linhas, percorrendo ao dia, são 8 mil km ao dia, ou seja, isso já está pronto e aguardando as matrículas eletrônicas para iniciar mais essa etapa.

Tivemos esse ano aproximadamente 2,5 mil novos trabalhadores na fábrica. E, desses, 500 ligados diretamente à fábrica. Em julho de 2022, teremos algo em torno de 5 mil e até o fim de 2022 teremos, no auge, 10 mil trabalhadores ligados à fábrica. Esta é uma situação que demanda nos prepararmos na estrutura do município para receber essas pessoas. Seja por meio de alojamentos, seja por meio de hotéis que estão sendo construídos. Hoje, temos locais para 5 mil homens prontos e precisaremos de alojamento para mais 5 mil. Precisamos ter um hospital com uma capacidade maior, seja na área humana, seja na área física. Então, tudo isso nós estamos estartando de forma gradativa.

O Estado: A fábrica trouxe no momento mais bônus ou ônus?

João Alfredo: Lógico, muito mais bônus. O ônus existe, sim. Não se faz omelete sem quebrar os ovos. Isso é uma máxima antiga e a esse ônus que ela traz nós constituímos forças-tarefa e fomos buscar exemplos em outros municípios. Então, onde eles erraram, nós buscamos fazer estudos para não errar ou errar menos, e onde eles acertaram para que nós possamos acertar mais. Então, nós em várias áreas, seja na educação, seja na assistência social, seja na saúde, nós buscamos municípios que viveram esse exemplo, como por exemplo Três Lagoas. Eu faço viagens para lá e nossa equipe já esteve lá. Eu estive com a equipe de Três Lagoas, inclusive com o vice-prefeito, e conversei a respeito disso. Nós estamos trabalhando isso desde o início. Desde o estudo

O Estado: Ela vai elevar as receitas do município? E o que pretende investir com o “extra”?

João Alfredo: É óbvio. Sim. A elevação da receita, ela se dá no fim da operação que vai ocorrer no fim de 2024. Então, o reflexo mesmo vai se dar no faturamento da fábrica, após a operação. Por enquanto, a receita extra decorre do imposto sobre os serviços dos terceirizados. Isso esse ano já desencadeou uma receita extra de algo em torno de R$ 15 a R$ 30 milhões. No ano que vem, nós vamos ter um pouquinho mais também, mas ele não é tão significativo.

O Estado: Sobre a questão estrutural vai ser preciso construir ruas e moradias?

João Alfredo: Para essa demanda que está vindo e diretamente ligada à fábrica, seriam 3,5 mil novos trabalhadores. Então, eles teriam de ter pelo menos 3,5 mil novas casas. Eu acredito que nós vamos ter em torno de 6 a 8 mil novas casas. Esse é um diagnóstico que nós fizemos. Mas, talvez, num intervalo de tempo de quatro a seis anos. São dois canteiros de obra, um na fábrica, um outro na cidade.

O Estado: Sobre geração de empregos, qual a estimativa atual durante as obras e posteriormente?

João Alfredo: A obra propriamente vai gerar milhares de novos empregos no auge da construção, que é fim de 2023. Fim de 2020 e 2022 em diante aliás. Depois, no pós-operação, 3,5 mil novos empregos diretos e indiretos. Agora, no entorno da fábrica vai gerar outros empregos na cidade. Então, eu calculo que devemos ter, pelo menos, o dobro ou o triplo de novos empregos no pós-operação.

O Estado: A prefeitura tem algum programa de incentivo para novos empresários, como comércio e serviços, que devem procurar Ribas para se estabelecer e aproveitar o momento desta população sazonal, que ficará na cidade apenas durante a instalação?

João Alfredo: A prefeitura tem uma lei de incentivo desde 2004. Há um Conselho Municipal de Desenvolvimento. Então, todo empreendedor que chega até Ribas nós submetemos ele aos critérios: em quanto ele vai investir? Quantos empregos vai gerar? Qual capital social? Para ver se ele se encaixa nesses critérios, e se encaixar o Conselho de Desenvolvimento dar a ele os incentivos necessários. Esta é uma lei de 2004 e tudo isso está sendo feito.

O Estado: Na realidade, após a conclusão da obra da fábrica de celulose, quanto deverá crescer a economia local?

João Alfredo: Essa estimativa depois da obra faz na última fase. Agora, é uma fase de euforia, vamos dizer assim, que é até uma fase de especulação imobiliária, mas existe uma fase depois, que será a das coisas voltarem ao seu normal. É possível que com a fábrica nós tenhamos a triplicação do nosso PIB. Hoje, o nosso PIB é da ordem de R$ 1 bilhão e nós teremos um PIB, após a construção, de três vezes este valor. Até porque o faturamento da fábrica é em torno de R$ 4 bilhões ao ano no pós-operação. É muito significativo. Hoje, a cidade de Três Lagoas, em razão das fábricas, tem o segundo maior ICMS do Estado. Nós, hoje estamos ali entre o 18º e 19º. E vamos passar para o 5º ou 6º lugar no ranking. Então, essa é a perspectiva de nós termos um município sobre o aspecto de receita. Ficaremos entre os dez melhores.

O Estado: Politicamente, o senhor é um dos poucos prefeitos da chamada “esquerda”, filiado ao PSOL. Em Mato Grosso do Sul sofre algum tipo de dificuldade para relacionamento com outros prefeitos?

João Alfredo: Continuo filiado ao PSOL e não tenho dificuldade no relacionamento político com o governo do Estado ou com outros prefeitos. A relação é republicana, eu sempre fui muito bem tratado e também trato da mesma forma. Então, eu não pretendo deixar o meu partido e não tenho compromissos políticos com ninguém. Hoje, eu tenho de pensar mais no coletivo do que no meu interesse pessoal, e pensando no coletivo eu pretendo aguardar os acontecimentos.

O Estado: A direção do PSOL pretende discutir fusão com Rede e PC do B; qual a posição do senhor a respeito?

João Alfredo: Olha, eu vou dizer para você que eu não estou no dia a dia desse embate, entendeu? As demandas são tantas e eu mal estou tendo tempo de cuidar dos problemas da cidade, então eu não tenho participado dessas discussões partidárias internas. Até porque o PSOL tem várias correntes internas e a minha corrente perdeu para a corrente que atualmente é a que preside o PSOL aqui no Estado. Hoje, por exemplo, está a Cris Duarte, que é de uma corrente a qual não é a minha. Então, eu não tenho acompanhado isso. O PSOL tem várias correntes. Aqui em Mato Grosso do Sul também tem várias correntes, assim como o PT tem também. Os partidos de esquerda têm esse detalhe, né? Tem gente que comunga com alguns programas e uma ideologia X e outros com Y, e aí vai. Mas eu não pretendo absolutamente sair do partido. Estou no PSOL desde as eleições municipais de 2016.

O Estado: O senhor se identifica com a ideologia do partido, mesmo sendo advogado e pecuarista envolvido com o agronegócio?

João Alfredo: Sou filho de merendeira de escola pública e de taxista, e o que eu tenho hoje eu conquistei a duras penas, fruto do meu trabalho. Eu trabalho desde os 12 anos de idade e registrado em carteira, ou seja, eu tenho esse meu lado da minha origem. E logicamente, em decorrência de ser advogado, de conquistar depois uma propriedade rural e tudo mais, eu consegui ver os dois lados. A minha preocupação é onde eu estou e fazer com que as pessoas mais necessitadas tenham o braço do município junto, o braço do Estado junto. Esta é a minha preocupação. Eu não estou preocupado, digamos assim, em dizer “ah, porque a corrente XY [do partido] diz isso”, nada disso. Eu quero fazer com que as pessoas tenham o município auxiliando naquilo que for necessário.

O Estado: Nacionalmente será independente ou se unirá a Lula ou a uma terceira via?

João Alfredo: Não é que eu não fiz análise, como eu disse antes, estou alheio a esse assunto. E por conta das preocupações que eu tenho no município. Então eu não sei te dizer. Eu não sei se o Guilherme Boulos, que foi candidato em 2018, vai ser candidato novamente em 2022. Não sei se a executiva nacional vai lançar uma candidatura, se vai se aliar ao PT, eu não sei isso. E por hora não tenho nenhuma posição política.

O Estado: Tem planos para reeleição?

João Alfredo: Não pretendo. Eu sou contra a reeleição. Acho que a reeleição foi a maior caca que o Fernando Henrique (Cardoso) fez no Brasil. Foi aprovada a reeleição. E nós estamos preparados pra isso. Na verdade, a minha preocupação é em terminar meu mandato. O prefeito que pensa em reeleição, ele não sabe dizer “não”. Entendeu? Porque ele já começa a dizer “sim” para o não. Eu estou no caminho inverso, eu sempre digo: “pode, não pode, não pode”, e ponto, não tem meio-termo.


Disponível em: http://edicaodigital.oestadoonline.com.br/30-01-2022-2/

 

 
 
 
 
 
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